Uma das nossas trilhas preferidas na região de Florianópolis é a Trilha do Morro da Pedra Branca, localizada entre os municípios de São José e Palhoça. Essa trilha leva ao cume do Morro da Pedra Branca, um enorme bloco de granito que pode ser visto de diversos pontos da região, pois se destaca na paisagem, dada sua diferença em relação ao relevo vizinho.
As trilhas
Existem vários trajetos que levam ao cume. Como antigamente os jipeiros faziam essa subida, é possível fazer todo o trajeto pela antiga estrada, mas o que torna o percurso mais longo porque possui muitas curvas. É um caminho pouco utilizado e por vezes bem escorregadio. Para encurtar o caminho, há outro trajeto, este sim uma verdadeira trilha.
O caminho que utilizamos é o da Bica do Dé. Que começa pela estrada principal e após 1 km segue para a trilha, à esquerda. Neste caminho há duas bicas, sendo que uma delas deu nome ao lugar. Nesse trajeto, retorna-se à antiga estrada no km 2,4. E então segue-se pelo caminho principal até o topo. Para chegar ao topo da montanha, caminhamos 3 km.
Esta trilha tem início no Sertão do Maruim, em São José, próximo ao contorno da BR 101.
No local há um estacionamento (R$ 10,00 em fev 2024), com uma pequena lanchonete onde para nós, a pedida sempre é o tradicional e imperdível lanche pós trilha, caldo de cana com pastel.
Há ainda o caminho do buraco do boi que inicia-se por uma pequena trilha logo no início do trajeto e depois também retorna à antiga estrada, seguindo então direto até o cume. Além de outros trajetos que partem de outros locais, como o que vem da Colônia Santana.
História
O Morro da Pedra Branca possui 500 metros de altura e está bem no limite entre os municípios de Palhoça e São José. O grande bloco granítico esbranquiçado serviu de referência para os tropeiros que no século XVIII trafegavam entre Lages e a capital, então chamada de Nossa Senhora do Desterro, levando rebanhos para serem abatidos. O caminho aberto a partir de 1787 ainda tem um fragmento na vizinha São Pedro de Alcântara, pavimentado em pedras brutas pelos escravizados. Quando avistavam a imensa rocha, sabiam que estavam chegando ao litoral. Provavelmente tenha servido também de referência para os povos originários que viviam na região, mas que infelizmente tiveram sua história apagada.
Para os pilotos que decolam da pequena pista do Aeroclube de São José a Pedra Branca é o principal marco visual de localização, uma importante referência ao lado do Cambirela e da Baía Sul.
A subida ao morro chegou a ser realizada com veículos por um período, mas essa forma de subir foi sendo deixada de lado e há apenas alguns vestígios do que era a estrada. Há também uma tradição de se realizar uma missa no alto do morro, no dia 21 de abril ou primeiro de maio. Antigamente o celebrante subia de carro, atualmente se for realizar, precisa subir pela trilha.
Natureza
Em meio a grande área de planície litorânea na qual está inserido o município de São José, uma elevação com um declive acentuado, abrupto, quase todo coberto de vegetação, com apenas um imenso bloco rochoso esbranquiçado aparente surge imponente. É o Morro da Pedra Branca.
Embora relatos de viajantes e estudiosos que estiveram aqui nos séculos XVIII e XIX apontem para uma vegetação exuberante em árvores enormes e centenárias, o cenário que encontramos atualmente é de Mata Atlântica em regeneração, abundante em espécies pioneiras como o garapuvu e a embaúba.
Ainda assim, a trilha até o topo é toda realizada através da Floresta Ombrófila Densa, belíssima, mesmo que em recuperação. Além dos Guarapuvus e Embaúbas, muitas bromélias, orquídeas e xaxins. Diversos pássaros podem ser vistos pelo caminho como sabiás e tucanos. Vimos ainda muitos sapos e uma linda cobra coral. Já na parte superior do morro a vegetação fica mais rala, como uma capoeira.
Se para quem está embaixo ela é uma importante referência geográfica, do alto dos seus 500 metros o visual é estonteante, com a magia de se poder observar Florianópolis, a Ilha de Santa Catarina do seu extremo norte ao extremo sul.
Nascer ou pôr do sol e o nascer da lua ficam ainda mais especiais se observados do alto do Morro da Pedra Branca.
Orientações
A caminhada segue protegida do sol até por volta do km 2,5 (subindo a trilha da Bica do Dé). Os últimos 500 metros são mais abertos, e dependendo do horário do dia o sol pode castigar. Esteja com boné e protetor solar. Além disso, leve quantidade de água adequada, normalmente recomendamos entre 1,5 a 2 litros por pessoa.
Na subida o cardiorrespiratório vai exigir bastante, mas na volta tenha atenção especial às articulações. Principalmente joelhos são bem impactados pela inclinação do terreno.
Esta região não é uma unidade de conservação, porém é uma área de preservação permanente e é fundamental um comportamento respeitoso com o meio ambiente. Não alimente nem perturbe os animais, não arranque plantas, não deixe lixo. Respeite os outros trilheiros.
Se desejar contratar um guia para planejar sua atividade, ter atenção especial à segurança e contar aspectos importantes da região, fale com a gente.
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